A loucura que nos separa é um desfoque inicial.
Esta barulheira merdosa e cinzentona das sirenes a rebate, que se enrola e rebola pelo chão à pancada com a fumarada e o lixo do populacho, é um mero cabo ferrugento e desbotado de uma ponte em queda livre.
Não aguento mais esta sociedade louca e franzina, de olhos esbugalhados e dopados, de boca espumarenta e insaciável sempre à espera do pior de mim. Mas não to vou dar, juro...não to vou dar!
É uma bacia cheia de merda o mundo em que vivemos.
Enoja-me esta Bíblia de costumes e cortesias conspurcada, oleosa e relaxada, que se arrasta e me enerva ao ponto de me fazer chorar cada dia da minha vida.
São as putas que fogem e os cabrões que matam, nada fica no seu lugar!
É tudo tão louco, tão doentio e tão febril que prefiro viver cego e sentado. E bastar-me-á apenas um banco numa praia e o barulho das ondas a espancar o areal. Bastar-me-á apenas o cheiro de uma gaivota e o toque do tempo a passar.
Ficarei ali para sempre, sozinho, comigo mesmo!
E se alguém chegar, pego nos pés e parto sem enxergar um palmo do caminho, porque a loucura que nos separa é um desfoque inicial.
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